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Kristen Stewart retrata o sufoco de Diana pré-divorcio em Spencer [REVIEW]

Com performance impressionante de Kristen Stewart, Spencer chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (27)

@isafrasinelli | Publicado em 26/01/2022, às 17h06

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Kristen Stewart como Princesa Diana em Spencer - Divulgação/Diamond Films
Kristen Stewart como Princesa Diana em Spencer - Divulgação/Diamond Films

“Gosta que fiquem bravos com você?”. É assim que Diana Frances Spencer é questionada logo no início de Spencer. A indagação já dá o tom para o que acompanhamos ao longo de todo o filme: uma Princesa de Gales marcada pelo incômodo. Este incômodo que vem da Família Real britânica, a qual faz de tudo e ultrapassa o absurdo para mantê-la sobre as rédeas, mas, principalmente, um incômodo insuportável vindo da própria Diana, que está sufocada diante de um relacionamento fadado a acabar - mas ainda sendo obrigada a viver sob as aparências da realeza. 

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E uma coisa é viver no limite, mas o longa dirigido por Pablo Larrain (Jackie) que chega aos cinemas em 27 de janeiro consegue explorar as circunstâncias de alguém que já atingiu esse limite há um bom tempo - e agora está prestes a desabar. Quem encara o desafio de interpretar Diana neste mix de sentimentos é Kristen Stewart, que surpreende não só nas semelhanças vindas da caracterização, mas também em uma atuação que mergulha nesta confusão e impressiona o público. 

Kristen Stewart em Spencer e Princesa Diana
Kristen Stewart em Spencer e Princesa Diana | Divulgação/Diamond Films | Reprodução

Apesar de apresentar outros nomes de peso no elenco como Jack Farthing (Príncipe Charles), Sally Hawkins (Princesa Margaret) e Stella Gonet (Rainha Elizabeth II), Spencer não se propõe a expor a perspectiva de diversos membros da realeza sobre este momento emblemático da Família Real, assim como outras produções já se arriscaram. Felizmente, é Stewart quem ganha o maior tempo de tela e quem realmente comanda o filme, representando a experiência pessoal de Lady Di como uma mãe e uma mulher com seus desejos próprios reprimidos. 

A novidade é ambientada na Sandringham House, casa de campo da Família Real, durante o feriado do Natal de 1991 - as últimas festividades que Diana passou com a realeza antes de se separar de Charles. É neste espaço em que acompanhamos os acontecimentos retratados do que o próprio filme adverte em sua abertura, de que esta é “uma fábula de uma tragédia real”.

O projeto apresenta algumas das tradições que a Família Real tem neste período, como o costume de se pesar antes e depois do feriado do Natal e as diversas refeições que os familiares precisam frequentar em horários fixos. Além de contextualizar o público sobre alguns destes hábitos rígidos, tais artifícios também funcionam para expor o sufoco intenso de Diana diante das regras que é obrigada a seguir. 

Essas diretrizes agravavam não só a má relação que a Princesa tinha com a realeza na época pré-divórcio, como outros problemas pessoais que marcaram sua trajetória: transtornos alimentares. Em diversas cenas, o foco é direcionado para a retratação de Stewart sobre a bulimia de Diana - inclusive, fica aqui um alerta de gatilho, pois alguns destes momentos são bem intensos. 

Kristen Stewart como Princesa Diana em cena sobre bulimia em Spencer
Kristen Stewart como Princesa Diana em cena de Spencer | Divulgação/Diamond Films

Dessa maneira, o longa se propõe a apresentar um paralelo que destaca a rigidez dos procedimentos da corte lado a lado com com rigidez da situação que Lady Di se encontra. Ao mesmo tempo em que acompanhamos a exuberância de comidas, também vemos Diana sendo abandonada e desdenhada pelos familiares. Ao passo que somos apresentados à diversidade de alimentos (que posteriormente são até desperdiçados), vemos Charles destratando a então esposa e depreciando seus transtornos alimentares.

A trilha sonora é um dos mecanismos utilizados para intensificar esses extremos em que vemos a protagonista se colocando em situações desesperadoras. O filme faz um bom trabalho ao intensificar sons pesados e angustiantes em cenas que Diana, por exemplo, está aflita com a necessidade de se alimentar e ainda ressentida das traições do marido com Camila, Duquesa da Cornualha - que também é apresentada brevemente na produção. 

Esta situação específica do longa retrata muito bem a importância da sonoridade na produção: quando Lady Di presencia um delírio e agoniza a ponto de comer as pérolas do próprio colar, jóia que é colocada como uma espécie de coleira que a personagem precisa utilizar. Não só tal cena apresenta extrema importância para a produção, como a atuação de Kristen também impacta demais. 

Kristen Stewart como Princesa Diana em Spencer
Kristen Stewart como Princesa Diana em cena de Spencer | Divulgação/Diamond Films

Entre outros devaneios que Diana vive no filme, também está sua constante comparação com Ana Bolena, mãe de Elizabeth I e segunda esposa do Henrique VIII, que foi executada dias após a anulação de seu casamento com o rei. Sozinha em meio às pressões que sofre pela família real e incapacitada de seguir seu rumo desejado, a história de Bolena funciona como uma espécie de conforto para a situação em que a Princesa se encontra. 

A solidão de Diana também é muito bem explorada, já que dentro da propriedade  real, ela é condenada a viver limitada, passando o sentimento de estar em uma prisão. Já quando é exposta diante do público, ela é constantemente atormentada por fotógrafos e pela mídia. Contudo, o filme mostra como Lady Di encontra um ponto que mantém seu equilíbrio: os filhos.

Apesar dos diversos problemas tensos com a família real que também sufocam os espectadores, quando somos apresentados à maternidade de Diana, conseguimos acompanhar uma atuação de Stewart mais leve e feliz com a presença dessa família próxima. Situações como estas são expostas em pequenos detalhes que suavizam a trama, como em cenas em que a personagem se esquiva de obrigatoriedades e apenas brinca descontraidamente com Harry e William

Explorar estas complexidades de uma figura tão célebre como Diana é um grande desafio, mas o longa acerta ao destacar a constante balança presente entre a vida pessoal e pública da Princesa: de um lado a repressão que sofre dentro da realeza e de outro seus filhos como o maior motivo para não desabar de vez e continuar lutando. 

Kristen Stewart como Princesa Diana em cena de Spencer | Divulgação/Diamond Films
Kristen Stewart como Princesa Diana em cena de Spencer | Divulgação/Diamond Films

O primeiro LIVE IS DEAD! de 2022 está entre nós & com um tema que a gente simplesmente ama: BLIND ITEMS (ou FOFOCA ÀS CEGAS, em uma tradução livre HFTV)

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